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Seja uma mulher completa!







No livro "Para educar crianças feministas: Um manifesto" de Chimamanda N. Adichie, ela nos dá várias sugestões para um educar com mais igualdade de gênero. Eu selecionei fatias das duas primeiras, pois estas me pareceram muito interessantes. Falam do que absorvemos para nossas próprias vidas ao nos tornarmos mães. E como estamos chegando no Dia das Mães, achei interessante abordar.





PRIMEIRA SUGESTÃO: Seja uma pessoa completa. A maternidade é uma dádiva maravilhosa, mas não seja definida apenas pela maternidade. Seja uma pessoa completa. Vai ser bom para sua filha. Marlene Sanders, a pioneira jornalista americana, a primeira mulher a ser correspondente na Guerra do Vietnã (e ela mesma mãe de um menino), uma vez deu este conselho a uma jornalista mais jovem: “Nunca se desculpe por trabalhar. Você gosta do que faz, e gostar do que faz é um grande presente que você dá à sua filha”. Acho isso sábio e comovente. Nem precisa gostar do seu trabalho. Você pode apenas gostar do que seu emprego faz por você — a confiança e o sentimento de realização que acompanham o ato de fazer e de receber por isso. Não me surpreende que sua cunhada diga que você deve ser uma mãe “tradicional” e ficar em casa, que Chudi não precisa de outra fonte de renda para sustentar a família. As pessoas vão usar a “tradição” seletivamente para justificar qualquer coisa. ...

Todo mundo vai dar palpites, dizendo o que você deve fazer, mas o que importa é o que você quer, e não o que os outros querem que você queira. Por favor, não acredite na ideia de que maternidade e trabalho são mutuamente excludentes. Nossas mães trabalharam em tempo integral enquanto crescíamos, e nos saímos bem — pelo menos você; quanto a mim, o júri ainda está deliberando.

Nas próximas semanas desse início de maternidade, seja boa com você mesma. Peça ajuda. Espere ajuda. Isso de Supermulher não existe. Criar os filhos é questão de prática — e de amor. (Mas eu realmente gostaria que não tivesse virado o verbo em inglês parent, coisa que julgo estar na raiz do fenômeno global de classe média do parenting como uma interminável jornada aflita e cheia de sentimento de culpa.) Permita-se falhar. Uma mãe de primeira viagem nem sempre sabe como acalmar o bebê que está chorando. Não ache que precisa saber tudo. Leia livros, procure coisas na internet, pergunte a mães e pais mais velhos ou, simplesmente, vá por tentativa e erro. Mas, acima de tudo, concentre-se em continuar uma pessoa completa.

Tire um tempo para si mesma. Atenda a suas necessidades pessoais. Por favor, não pense nisso como “dar conta de tudo”. Nossa cultura enaltece a ideia das mulheres capazes de “dar conta de tudo”, mas não questiona a premissa desse enaltecimento. Não tenho o menor interesse no debate sobre as mulheres que “dão conta de tudo”, porque o pressuposto desse debate é que o trabalho de cuidar da casa e dos filhos é uma seara particularmente feminina, ideia que repudio vivamente. O trabalho de cuidar da casa e dos filhos não deveria ter gênero, e o que devemos perguntar não é se uma mulher consegue “dar conta de tudo”, e sim qual é a melhor maneira de apoiar o casal em suas duplas obrigações no emprego e no lar.


SEGUNDA SUGESTÃO: Façam juntos. Lembra que aprendemos no primário que verbos são palavras “de ação”? Bom, pai é verbo tanto quanto mãe. Chudi deve fazer tudo o que a biologia permite — ou seja, tudo, menos amamentar. Às vezes, as mães, tão condicionadas a ser tudo e a fazer tudo, são cúmplices na redução do papel dos pais. Você pode achar que Chudi não vai dar banho nela do jeito que você gostaria, que talvez ele não enxugue o bumbum dela com o cuidado que você teria. E daí? Qual é o máximo que pode acontecer? Ela não vai morrer nas mãos do pai por causa disso. É sério. Ele a ama. É bom para ela ser cuidada pelo pai. Então, relaxe, esqueça seu perfeccionismo, deixe de lado seu senso socialmente condicionado de dever. Dividam igualmente a criação. “Igualmente” depende, claro, de ambos, e vocês vão dar um jeito nisso, prestando atenção às necessidades de cada um. Não precisa ser uma divisão literalmente meio a meio, ou um dia você, um dia ele, mas você vai saber se estão dividindo igualmente. Vai saber por não se sentir ressentida. Porque quando há igualdade não existe ressentimento. E, por favor, abandone a linguagem da ajuda. Chudi não está “ajudando” você ao cuidar da filha dele. Está fazendo o que deveria fazer.


E então, que tal refletirmos sobre isso? Fica o convite!

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